A Era perdida dos Arcades.

Uma viagem épica ao passado, só para os fortes!   


Você, pequeno menino, criado a leite com pêra , com certeza pode não se identificar com esse artigo, então dou logo o conselho que nem leia, e volte pra seu LoLsinho. Mas, tenho certeza que quem, como eu, cresceu jogando jogos incríveis em Arcades(Os gamers Old Scool, se você for desses Nerds chatos que adoram nomeclaturas), nos Fliperamas da vida, vai gostar e Muito!
O que trago pra você, leitor noobinho, é uma análise do que eram esses Fliperamas; seus jogos, seus jogadores e suas regras, visto por quem de fato presenciou tudo isso (viciado). Nesse primeiro artigo, falaremos um pouco sobre essas regras e os jogadores. Vamos lá!

Fliperama
. Que bicho é esse?

Fliperama era aquele lugar aonde se ia pra jogar jogos eletrônicos, em maioria, tipo Arcade. Mas, não me refiro especificamente a todo tipo de fliperama, como aqueles dentro de Shopping. Refiro-me aqueles fliperamas "casca grossa" que ficavam em Bares, com sinuca e tiozinhos jogando e tomando uma cerveja, ou em padarias na esquina. Dos anos 80, até metade da década de 90, com o crescimento de empresas como SNK, NAMCO e Capcom, aumentaram o número de jogos pra a plataforma Arcade, e consequentemente, os fliperamas proliferavam por todo o país. E era um hábito comum dar um pulinho no Fliperama preferido, voltando da escola (ou fugindo dela), ou naquela tarde livre.

Pra quem não sabe (sério, ainda tem quem não conheça), Arcade, ou maquinas Arcade são jogos instalados em maquinas que geralmente funcionavam com fichas ou créditos. Em sua maioria seguiam o modelo de uma tela, e dois controles, mas, com alavancas, nada de direcional. Tudo isso em um gabinete de madeira, que deixava a máquina de Arcade em uma altura propicia a se jogar de pé. Os jogos eram diversos e iam de um bom jogo de luta um contra um, a um de tiro intricado. É preciso frisar que muitos dos frequentadores de Fliperamas tinham seus consoles em casa ( pela época, um Super Nintendo, ou Mega drive), mas buscavam nos Arcades jogos que nunca poderiam jogar em seus consoles, a menos que fosse podre de rico e pudesse comprar um Neo Geo e ter a versão caseira de muitos dos jogos encontrados nos Fliperamas. Por todo tempo que conheço, as maquinas Arcades eram dominados pelo sistema Neo-Geo, o tal do MSV (multi video system ) da da produtora SNK.

Mas, Por que me refiro a esses estabelecimentos como "casca grossa"? Porque  nesses lugares, não era qualquer jogador que frequentava. Era aquele lugar, onde não era raro a molecada sair no braço por causa de um credito, ou ficha (é, antigamente os videogames funcionavam com uma ficha, coisa que hoje parece arcaico). Isso sem mencionar, que por se estabelecerem em lugares de pouco acesso as demais pessoas, muita tretagem de noia rolava por lá. Eu mesmo lembro de que, enquanto jogava feliz minha partida de Mortal Kombat 2, em um barzinho em um beco esquisitíssimo, um cara do meu lado passava pra outro algo que parecia muito com um malote, um tijolinho do satanás, ou alguma droga qualquer..

Era um vai e vem dos mais variados tipos de pessoas, cada um com seu modo de falar, de agir, de jogar!Todos se respeitavam nesses Fliperamas, geralmente encontrados nas periferias da cidade. Mas, caso uma das regras do ambiente fosse quebrada, o “pau cantava”. Mas, calma, já explico essa coisa de "regras"

Regras de convívio.

Apesar de que a faixa etária de quem frequentava esses Fliperamas era bem baixa, existiam sim regras, e essas eram respeitadas!

Exemplos:

1-Em um combate entre dois jogadores, em um jogo de luta, era estritamente proibido pra alguém que não estivesse no combate (o chamado Perú) ficar dando pitacos, ou dando dicas a quaisquer dos dois jogadores. Isso era uma grande ofensa, e podia gerar desavença, caso atrapalhasse ou prejudicasse o desempenho de um dos ditos jogadores.

2- Às vezes, um jogador iniciava um jogo, geralmente de aventura ou de nave, decidia acumular o máximo de pontos no jogo, pra que ao término do mesmo, pudesse colocar suas iniciais no ranking mais alto. Sabendo disso, outro jogador não podia colocar uma ficha pra jogar junto, visto que isso atrapalharia o primeiro jogador. Isso era um ato altamente ofensivo, e se feito, gerava contenda ( troca de tapa mesmo).

- O uso de bonecos (isso, naquela época não chamávamos “Chars”) apelões ou combos infinitos. Bonecos "apelões" eram personagens de jogos de lutas diversos, que tinham vantagens em relação aos demais personagens, tais como golpes que tiravam maior quantidade de life, maior velocidade e por ai vai. Bons exemplos de bonecos apelões, que desonrava quem usava vem do jogo King Of Fighters: Choi, Rugal, K9999 e etc. Combos infinitos eram aqueles que não davam chance para o outro jogador se defender, prendendo ele em uma sequencia de golpes que só acabava ao fim do life. Outro  bom exemplo eram os personagens na versão Orochi, na The King Of Fighters 97, conhecidos aqui como Dark ou Endemoniados. Eram eles, Orochi Leona e Orochi Yori. Usar esses personagens era pedir pra ser chamado de Zé ruela, ou de Noob (olha nós ai), na gíria atual.

4- Os jogos chamados Versões Plus eram visto com maus olhos. Eram jogos, geralmente de luta, alterados, onde barras de especiais eram infinitas, e bonecos secretos já vinham destravados. Jogadores que jogavam em maquinas assim perdiam o respeito dos outros.

Os jogadores.

O Fodão:

Era aquele cara que sempre vencia. Tirava incontáveis fichas, uma atrás da outra. Zerava todos os jogos. Sabia todas as manhas, todos os combos. Geralmente era aquele viciado, que sempre estava rodeado de “discípulos” havidos por aprender alguns de seus macetes.

O Babão:

Aquele tipo, que geralmente sempre se encontrava perto do Fodão do Fliperama. Tratava de sempre fazer inúmeros elogios, e era torcedor fiel do melhor jogador, na esperança de ser tão bom quanto ele.

O Serrote ou Bicão:

Esse quase nunca tinha dinheiro pra comprar um crédito ou ficha pra jogar. Então, passava o dia perambulando pelos Fliperamas, à procura de alguém de quem pudesse filar um pouco de sua ficha. “Deixa eu pegar essa partida ai?" é uma de suas citações preferidas.

O Analista:

 Na pratica, não é um bom jogador, portanto se dedicava a ficar observando os combates e as disputas, analisando os lances, golpes e jogadas, dando um parecer técnico, muitas vezes sendo bem irritante, que nem o Galvão Bueno.

O Apelão: 

Talvez um dos tipos de jogadores mais lembrados, e que, claro, não poderia faltar. Era aquele cara que não ligava pra regras, que enchia o saco, que fazia uso de qualquer tática pra ganhar um combate, até as mal vistas. Usava combos infinitos e não hesitava em jogar com personagens destravados, em sua grande maioria considerados bonecos apelões.

É certo que existem mais regras e tipos de jogadores a serem citados, mas resolvi me resumir nesses que me parecem mais importantes de relembrar.

Esses fliperamas foram de grande importância na infância e juventude de muita gente (como eu). E digo com convicção que não se tratavam apenas de estabelecimentos onde a garotada ia pra jogar. Eram ambientes onde se aprendia a seguir e respeitar regras, a ter diferentes pontos de vista sobre determinadas condutas, que ensinava a ter caráter. Isso sem mencionar que a tecnologia estava sim presente, mas, ao contrario de hoje, você tinha que sair de casa, tomar sol na cara pra chegar a esse meio "tecnológico", além de interagir com outras pessoas... Pessoas de verdade!

Infelizmente o tempo foi passando e os Fliperamas foram desaparecendo aos poucos, sendo substituídos pelas Lan Houses, onde quem joga, pode jogar com Trilhões de pessos On Line, mas em minha opinião, sem INTERAGIR de verdade com seus oponentes. Nada se compara aquela sensação de ver um carinha se aproximando com uma ficha a na mão, e ter a certeza que ele ia entrar pra lhe desafiar pra o duelo, e que o pau comeria solto.

Em resumo, a rivalidade imperava nesses Fliperamas. Contudo, era uma rivalidade sadia. E apesar disso, amizades pra a vida toda eram feitas ao redor daquelas velhas maquinas de Arcade. Deixo você. caro leitor, com a lembrança e a nostalgia daquele tempo bom, em que compravamos uma ficha, e partiamos pra um combate épico.
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Autor Roberto Silver

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